Palavra pouca, sentimento muito.
Outro dia eu estava mexendo numas fotos, organizando uns álbuns da infância até pouco tempo atrás, quando me surgiu uma dessas ideias meio malucas, aparentemente sem nexo, as quais, de tanto nos martelar, acabam por nos jogar num quarto vazio, com uma folha em branco na bancada, uma caneta na mão e uma lua cheia linda na janela, como se desse cenário o escritor pudesse, simples como num passe de mágica, traduzir em palavras o mundo de sentimentos que o inquieta, ou seja, como se desse cenário fossem invariavelmente surgir todas as palavras necessárias ao escritor para que ele, cumprindo dignamente o seu papel, desse, digamos assim, forma gráfica àquilo que o aflige, e logo pudesse se levantar dali e ir dormir, ou ir ver a lua lá fora, ou seja lá o que for. Mas é aí que, muitas vezes, depois de algum bom tempo sentado vendo a folha ainda em branco, o tal escritor se depara com um muro imenso à sua frente, e é neste exato momento que ele faz, ainda incrédulo, a maior e mais dolorosa d...