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Mostrando postagens de agosto, 2010

Palavra pouca, sentimento muito.

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Outro dia eu estava mexendo numas fotos, organizando uns álbuns da infância até pouco tempo atrás, quando me surgiu uma dessas ideias meio malucas, aparentemente sem nexo, as quais, de tanto nos martelar, acabam por nos jogar num quarto vazio, com uma folha em branco na bancada, uma caneta na mão e uma lua cheia linda na janela, como se desse cenário o escritor pudesse, simples como num passe de mágica, traduzir em palavras o mundo de sentimentos que o inquieta, ou seja, como se desse cenário fossem invariavelmente surgir todas as palavras necessárias ao escritor para que ele, cumprindo dignamente o seu papel, desse, digamos assim, forma gráfica àquilo que o aflige, e logo pudesse se levantar dali e ir dormir, ou ir ver a lua lá fora, ou seja lá o que for. Mas é aí que, muitas vezes, depois de algum bom tempo sentado vendo a folha ainda em branco, o tal escritor se depara com um muro imenso à sua frente, e é neste exato momento que ele faz, ainda incrédulo, a maior e mais dolorosa d

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Se me vires a chorar, Não me venha lá com pena Um dia hão de se apagar As lágrimas, que dilema Mas se me vires num bar A beber, talvez sorrir Não venha cumprimentar Tal se a dor fosse sumir Portanto, não me conclua Me deixe só, pela rua Noite d'sol, dia de lua Se foi em vão que me entreguei? Não, eu sei. É assim que vejo Todo o bem que eu traguei. Frase do dia: "Entrego-me às palavras como o silêncio ao deserto." Carlos Augusto Viana

Ponto de interseção.

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Guardo carinhosamente na lembrança imagens de pessoas das quais nunca fui realmente amigo, das quais nunca fui muito próximo, mas que curiosamente me transmitem uma sensação muito, mas muito boa. É difícil de explicar, mas para isso mesmo é que servem as palavras, eu sei, e talvez ao final deste conjunto ainda desordenado de vocábulos eu consiga dar, digamos, forma gráfica a essa sensação de carinho, de querer bem, que, como disse, levo em relação a algumas pessoas que felizmente a vida me apresentou e infelizmente me distanciou, mas aí vai de cada um, muitos certamente se lamentarão por uma proximidade que poderia ter sido maior, por uma amizade que ali poderia ter nascido e esse tipo de pensamento, mas eu não, prefiro ficar com essa gostosa sensação de que conheci essas pessoas, isto é, em algum momento nossas vidas, como duas linhas retas desenhadas num papel, cruzaram-se, cruzaram-se e continuaram em suas respectivas direções, deixando de presente um ponto de interseção no meio d

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Desde que o mundo é tal mundo Lateja num peito uma dor Talvez que ninguém entenda Nem precisa, já passou Num sorriso vão se esconde Até encontrar pela cama Uma lágrima bem tímida Nascida assim, feito uma flor Vai passando, passa logo Não demora vem manhã Some a chama, se acalmou Muito obrigado, digo eu Do que lá seria um poeta Se a ele não lhe chega a dor? Frase do dia: "A vida é um jogo de tênis entre opostos polares. Vencer e perder, amar e detestar, abrir e fechar. É útil reconhecer esse fato doloroso desde cedo. Depois, reconheça os opostos polares em seu íntimo e, se não conseguir acolher os dois, ou reconciliá-los, pelo menos aceite-os e siga em frente. A única coisa que você não pode fazer é ignorar a existência deles." Andre Agassi

Um olhar para o mar.

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Tem sido sentado, sozinho, e que não se entenda aqui solitário, com os pés descalços a pisar na areia úmida da praia, a olhar aquele mar lindo, de um verde muito claro, ou de um azul muito escuro, a depender da vontade com que a natureza acordou, que tenho me encontrado, me equilibrado, me descoberto, e ficado em paz, nada mais que em paz, ali, de frente para o mar, consigo quase ficar sem pensar em nada, ouvindo o ir e vir das ondas, olho pro horizonte, que nada me traz e também nada me pergunta, e isso tem me bastado, a falta de perguntas e a ausência ainda maior de respostas, que isso deve ser mesmo a vida, ausência de sentido, ou sentido demais para um jovem de vinte e poucos anos, é como se o mar olhasse para mim e dissesse, 'Tenha calma, rapaz, não se afobe, verá muito ainda por aí, aprenderá um bocado ainda, nem eu sei o que te espera, mas de certo muita coisa ainda esses teus olhos verão, e esses ouvidos escutarão, e essa cabeça e essa boca e tudo o mais, o certo é que, rep

Estrada.

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Não consigo apontar um porquê, mas todas as vezes em que me pego, como se diz, pensando na vida, me vem à cabeça a imagem de uma estrada. Isso mesmo, uma estrada. E é a partir dessa imagem, dessa abstração, que algumas duras conclusões vão naturalmente surgindo em meus pensamentos como se fossem o sol, que todos os dias surge, lenta mas claramente, para quem quiser ver. E essas conclusões, como vinha dizendo, me dizem que a vida é precisamente essa estrada, que tem sentido único, e não só sentido, mas também mão única, como se não houvesse espaço para ultrapassagens, cada um e cada coisa a seu tempo, não adianta se apressar aqui ou acolá, todos chegarão ao fim do caminho, uns mais cedo, outros nem tanto. E a tal estrada, que, como já disse, aqui representa a vida, sempre se me apresenta com placas muito claras dizendo que não, meu caro, aqui não se permite, jamais, um recuo, uma volta, nela só se segue, segue e segue, impiedosa e incansavelmente. O que ficou para trás que se guarde na