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Mostrando postagens de setembro, 2012

Substantivo manso

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Amor é substantivo manso, é oceano azul num domingo preguiçoso e tardio. Amar alguém não tem odor forte de perfume importado – o amor, se debruçado for, tem cheiro puro de banho recém-tomado, ou de lavanda suave, discreta e boa. O amor não é vermelho como dizem, aliás que pecado pintá-lo de tão gritante, urrante cor. O amor... que cor tem o amor? Pode ser bege ou azul clarinho, feito céu de antigamente. Talvez marrom amadeirado forte, a lembrar móvel pesado e antigo de casa de vó, assim confortando o olhar. Mas vermelho, não. Também não gosta de música alta, mesmo que nela se afirme contundentemente eu te amo, eu te amo, meu amor. Aliás, quanto mais alta e incontestável a canção, mais dela duvida o danado do amor. Por outro lado, alteia o silvo do vento, o cantar dos pássaros, o ranger compassado da rede que balança na varanda – e aí terás o amor em forma de som. Assim, é difícil escutá-lo em meio ao caos da cidade grande: quanto mais carros menos amor, quanto mais prédios