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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

É carnaval

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Uma casa vazia, uma rua que silencia e uma alma que decidiu arrefecer até a próxima quarta-feira de cinzas: assim também se pode fazer um carnaval – dentro de si.  Sim, também pode haver alegria em quatro dias vazios. Basta pra isso que nós os  façamos, ao mesmo tempo, cheios: de paz, de calmaria, de conexão. Um bom livro à mão, um par de filmes que há tempos se deseja ver, uma cama limpa e macia, uma alma alheia aos pensamentos egoístas do dia a dia, e pronto: o espírito também estará em festa, jogando confete e serpentina sobre si.  Dormir sem ter que pensar em que horas acordar, acordar sem se lembrar de email , política, banco nem conta pra pagar. Por quatro dias. Quem disse que isso também não é uma festa? Comer o que se gosta, e bem devagar, faça o favor, que até já perdi o relógio. Abrir a janela e – a exemplo daquela pessoa discreta que vemos diariamente no trabalho com o uniforme da empresa, mas que numa determinada oportunidade encontramos na fila do cinema, à pais

As virtudes de mudar

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Chico, Gabriel e eu indo pra faculdade. Como de costume, estávamos presos num engarrafamento típico de qualquer cidade grande por volta das seis da tarde. Uma terapia gratuita, um teste de paciênia com que somos presenteados diariamente, já há quase cinco anos. Não me lembro do tema sobre o qual discutíamos, mas recordo que eu – logo eu, que até bem pouco tempo atás tinha um ponto de vista bastante distinto acerca do assunto – dei minha mais nova opinião de forma categórica. Então, o Chico saltou e disse algo do tipo: "Não, peraí, assim tu tá entrando em contradição, um dia desses tu falou exatamente o contrário, foi ou não foi?" E eu, sorrindo por ele ter lembrando meu antigo ponto de vista, disse: "É verdade, mas eu mudei de minha forma de pensar sobre isso." E, tornando o clima ainda mais descontraído, afirmei que preferia ser "essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo", e assim, o Chico, num tom leve que nad

Era melhor quando fora do lugar

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Carnaval, semana santa, natal, réveillon e meu sobrinho Vinícius por aqui, em Fortaleza. O que tudo isso tem em comum? Todos só acontecem uma vez ao ano, e ainda que a ideia de mais carnavais na temporada me pareça realmente interessante, preferiria a isso que o filho de meu irmão pudesse aparecer por essas bandas mais frequentemente. Por quê? Porque ele, como quase toda criança de nove anos, traz mais vida, mais energia por onde passa. Faz vibrar quem está por perto. Faz perguntas ("Ô tio, o que você gostava de fazer quando era criança?" ou "Ô tio, você gosta mais de McDonald's ou de Habib's?) que para nós soariam bobas demais, mas que, feitas por ele, nos trazem uma confortável sensação de inocência, de descobrimento da vida. Questionamentos que nos dão o recado de que ele ainda está em processo de educação (mas nós não deveríamos também estar, a todo momento?), e que podemos contribuir positivamente nesse processo. A propósito da sua idade, nessa se

Letras que fantasiam mais

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Certa vez alguém me disse que o Steven Spielberg, numa das vezes em que foi receber uma premiação por um filme no qual ele trabalhara (filme este que teve seu roteiro baseado num livro), o afamado diretor norte-americano, naquele tradicional discurso de recebimento do prêmio, pediu uma espécie de desculpa por ter – a partir do momento em que decidiu dar som e imagem àquela obra, que antes se resumia a letras – podado a nossa imaginação, lamentou por ter cortado as asas de nossa criatividade. Isso porque, segundo ele, a nossa capacidade de fantasiar, de imaginar é sempre mais vasta quando mergulhamos dentro do livro, ao invés de simplesmente nos contentarmos com a visão que uma outra pessoa, no caso o diretor do longa, teve ao ler a obra. Pra falar a verdade, nem sei se o homem por trás de filmes como E.T. , Tubarão e tantos outros clássicos do cinema disse mesmo isso, mas, caso o tenha feito, assino embaixo. Não estou com isso desmerecendo a sétima arte, que fique claro, e tenho c