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Letras que amolecem

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Quase dois meses distante da escrita: um longo tempo pra quem, como eu, encontra nas letras uma maneira, talvez a mais eficaz delas, de apreender o mundo. Não todo o mundo, que afinal é sempre grande demais pra de repente ser compreendido – mas o meu mundo. Durante esses dias, vivendo sem apalavrar o meu rededor – expressão hispânica que do ponto de vista sonoro me agrada bem mais que o nosso equivalente, redor –, senti minha mente às vezes se embaraçando, meus pensamentos se emaranhando uns nos outros, minha vida aos poucos se tornando líquida, como uma pedra de gelo esquecida sobre a mesa: fui derretendo, perdendo solidez, consistência – eram meus pensamentos escorrendo por entre minhas próprias mãos. Mais que isso e pior que isso: senti me desumanizando. Se meus pensamentos iam, como disse no parágrafo anterior, se liquefazendo, eu ia me endurecendo. A princípio quase concluí que houve então uma contradição: parte de mim se liquefazia, outra, enrijecia. Mas não: a relação é