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ops, mudei de casa:  https://medium.com/@nadanao.so.escrevendomesmo

lentes

gosto de antepor ao mundo que vejo alguma lente que me ajude a flagrar a potência metafórica que cada coisa leva consigo. ponho fé, mais que ciência: em cada fatia de vida, repousa alguma singularidade (um agradecimento desajeitado, um sorriso incontido, o sabor marcante de quem faz de um prato uma forma de amor, a entoação trêmula dum pedido, o descompasso de quem ligou errado e não sabe que dizer, muitos etc.) que faz de cada momento um mito, um mito esperando pra ser. dificilmente porém consigo pôr essas lentes. meu dia a dia é duro e levanto no mais das vezes sobressaltado por resolver problemas que ainda nem inventei. apenas quando pacientemente estimulado por romances, poemas, películas e às vezes até beijos de novela reúno as condições pra reparar na beleza fugidia das coisas, acreditando muito forte que alguma coisa dura para além do nosso corpo e que até deus pode existir. camila, não. não precisa dessas lentes. acorda e vai dormir com os olhos sempre vigiando a b

Vinícius

Acompanhar o crescimento de uma vida é dispor sempre da possibilidade de reparar na beleza que é própria do que floresce. Não acompanhei dia após dia seu crescimento porque sua beleza foi desde muito cedo se construindo em outros espaços. Pôde, assim, talvez, gosto de pensar, reconhecer como suas formas de beleza muito diferentes: vejo seu sotaque misturado como a metonímia perfeita de quem soube extrair, de cada parte, o sumo melhor que ela podia dar. Quem sabe isso não ajude a explicar como, tão jovem, antes mesmo dos 18 anos agora completados, já enxergue o mundo com lentes num instante tão sensíveis e críticas e, noutro, tão levemente bem-humoradas. Aptidão de quem faz da vida um mosaico bonito, cada vez de uma cor. Ao Vinícius, com todo o amor, 17 de maio de 2020.