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Mostrando postagens de novembro, 2010

O futebol.

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Nesta semana rodou os noticiários esportivos de todo o Brasil a imagem de um garotinho, torcedor do Palmeiras, que, na noite desta última quarta-feira, chorou e chorou copiosamente, para todo o Brasil ver. O riso, que, como diria Vinícius de Moraes, de repente se fez pranto, se deu depois da eliminação do time do menino na Copa Sul-Americama, quando o Palmeiras, com o jogo na mão, permitiu uma virada quase aos 40 do segundo tempo. A imagem do pequeno torcedor aos prantos nos braços da mãe (acolhedora, mas sem palavras) foi cortante, emocionante. Na quinta-feira de manhã, então, vi, no blog daquele que pra mim hoje é o melhor jornalista esportivo do País - Mauro Cezar Pereira -, um post belíssimo sobre a tal imagem e sobre como o futebol desde cedo nos oferece um dueto que - se aprende mais tarde - faz parte da vida: alegria extrema e tristeza profunda. Vitória e derrota. Riso e pranto. São coisas do futebol, coisas da vida. E a imagem da criança deu tanta repercussão no meio esportivo

O mundo.

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"Encontro com Mílton Santos: o mundo global visto do lado de cá" Esse é o nome do vídeo que vi agora há pouco, e que me deixou bastante decepcionado. Não com o vídeo, que é ótimo e que, dividido em dez partes, está disponível no Youtube; mas, sim, com o mundo. É incrível como a gente consegue tapar os olhos para aquilo que está aqui, ó, na nossa frente, e nós não percebemos; ou, se percebemos, já não nos sensibilizamos, o que é ainda mais lamentável. É desagradável chegar a nossos privilegiados ouvidos dados como o de que as 500 pessoas mais ricas do mundo têm mais dinheiro que as 416.000.000 mais pobres; ou que em 1990 um americano ganhava 38 vezes mais que um tanzano (quem?, tanzano?), enquanto hoje ganha 61 vezes mais; ou ainda que, dos U$178,00 pagos pelo consumidor por um paletó Liz Claiborne vendido nos Estados Unidos, somente U$0,74 vão para as mãos de quem, em El Salvador, o produziu. Constatada a lamentável situação, não tenho sugestões a dar, e tampouco me atrevo a

Causa e efeito.

Engraçado. Às vezes, parado, pensando num fato, num acontecimento qualquer, me vejo tentando esmiuçar as causas do tal acontecimento, o que é, cá pra nós, uma das maiores besteiras em que a cabeça da gente inventa de se meter. É como se a nossa mente, ou pelo menos a minha, num lampejo de estupidez, decidisse ir atrás exatamente daquilo que é mais difícil de se decifrar, já que nem sempre há causas para os fatos, ou talvez até causas sempre existam, embora muitas vezes, de tão obscuras, difusas, subjetivas que elas são, façam com que não as vejamos inteiramente. Mas a estupidez de minha cabeça em olhar para as causas (e não para os efeitos) se dá principalmente porque, se pararmos mesmo pra pensar, a vida, que tanto se diverte às nossas custas com esse eterno jogo de causas e efeitos, sabe, diferentemente de mim, bobo que sou, que os porquês de nada importam, eles fogem sorrateiramente e, se você demorar a procurá-los, talvez veja que eles já estão tão longe, mas tão longe, que nem val

Sábado.

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Deitar na cama sábado à tarde, sentir no rosto o contato do lençol macio, e velho. O seu preferido, que guarda, por trás da fragrância do sabão (agradável, sim, mas artificial), aquele cheiro que é seu, só seu, que hoje está lá, impregnado nesse pedaço de pano que parece não valer nada, e talvez não valha mesmo, não entremos nesse mérito. Depois, sentir o vento ameno que sopra nos seus pés, ver o sol ainda forte debruçar-se em algum canto do quarto, e sentir-se (depois da semana que, como sempre, passou rápido demais) pronto para fechar os olhos e esperar o sono, que não lhe deixa na mão e, condescendente, logo chega. Aí é acordar (devagar, muito devagar) às seis, ou às sete, quando você pretendia despertar às quatro, e se dar conta de, meu deus, como é bom, numa tarde de sábado, esquecer que horas são. Ficar na cama, uns quinze minutos, ou vinte (mas sem olhar no relógio!), pensando em nada, ou ao menos em nada que aqui caiba registro, esperando a preguiça dissipar-se para que você le

Princípio de Locard.

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Estava eu lendo um típico romance policial, daqueles que conseguem lhe prender a atenção do começo ao fim, quando o autor citou algo que me chamou muito a atenção, e olhe que definitivamente não é de um romance policial - sem desmerecer o gênero, que acho simplesmente fantástico - que eu espero frases das quais possa extrair algo para uma crônica como esta. O autor falou sobre o Princípio de Locard, que eu fui conferir e de fato existe, sendo considerado inclusive o princípio básico no qual a ciência forense se baseia. Segundo a tal ideia, que, como todo princípio, se baseia em um pensamento simples mas de grande profundidade, todo contato deixa uma marca. Portanto, todo criminoso, por mais hábil que seja, ao entrar em contato com a vítima, seguramente deixará nela algum rastro, porque é assim mesmo que funciona: quando duas pessoas se tocam, sem dúvida elas trocarão entre si alguma coisa. Suor, células da pele, impressões digitais, saliva, sêmen, sangue, pedaços invisíveis do tecid

O tempo.

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Fim de ano, e as luzes pro Natal começam a se acender mais uma vez, cidade afora. Junto com elas a lembrança impactante de que, meu Deus, o ano mal começou, já acabou. Ainda me lembro do Natal passado, do Réveillon passado, e poxa, os enfeites natalinos surpreendentemente já pipocam novamente por aí, obrigando-me a aceitar o fato de que, dessas lembranças pra cá, já se passou quase um ano, ou 12 meses, ou 365 dias, como preferir. Posso estar ficando velho e caindo no mesmo clichê que ouvia de meus pais quando eu era criança, quando diziam bestamente que "o tempo está passando rápido demais" Hoje, porém, não tenho argumentos para discordar deles, e por mais sem sensibilidade, sem poesia, que seja uma frase clichê como essa, só me resta assinar embaixo e concordar, incrédulo: o tempo voa. Voa e voa a cada minutinho passado pra trás durante o dia. Durante um dia, um diazinho, um dia qualquer. O engraçado é que nós às vezes, atabalhoados na correria do dia-a-dia, perdemos um

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Sorrateira, ela me chega novamente Noite tranquila, sono tardio E ela me chega, rastejando, feito uma cobra Vai se instalando no seu cantinho Ela, que noutros tempos, ao surgir Me estraçalhava, remoendo-me coração adentro Autoritária, seca Ah, como doíam suas visitas naquele tempo! Eu, jovem, não a compreendia Ela, velha, não se compadecia Hoje nos conhecemos Talvez um dia sejamos mais próximos Talvez Nos respeitamos, atualmente, e basta Às vezes, pela manhã ainda Percebo que à noite ela virá, inevitavelmente E então, mais tarde, absorvo-a Possuo-a Depois de ver o mundo dar umas voltas Entendi, enfim: Tal qual o músico e o violão Tal qual deus e o diabo A felicidade e a tristeza A mãe e o filho Eu preciso dela! Quem é ela? É a minha dor, é a minha saudade, meu senhor Ela, minha latente imcompreensão e angústia Minha busca tola por verbalizar o que é mudo Mastigar o que é líquido Ela, insistentemente... Ela. Frase do dia: "Quando mais nada resisti

Ela e ele.

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Ela acorda no meio da noite, assustada, estava sonhando com ele, sonhava que o tinha ainda em seus braços, e o beijava como antigamente, embora o antigamente faça apenas duas semanas, ou três, não sei, e o sonho era tão, mas tão real, que ela chega a lamentar ter sido só um sonho, embora no segundo seguinte tenha já mudado de lamentação, agora se entristece porque não aguenta mais, meu Deus, está completamente sufocada, coitada, não sabe o que fazer para parar de sonhar com ele, passa dias e dias tentando esquecê-lo, e quanto mais se esforça pra isso, mais se lembra do seu amor, agora ex-amor, que droga, não deveria ser ex-amor, mas sim sempre, sempre-amor, e ela se levanta, vai até a cozinha, bebe um copo d'água, nem estava com sede, mas, como já perdeu o sono, agora inventa o que fazer, liga a tevê, muda de canal, muda de novo, e se pergunta aonde ele está, o que estará fazendo, e sabe que seguramente está bem, com aquela felicidade inabalável, aquele sorriso lindo que não cansa