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Mostrando postagens de maio, 2012

Sutil, em benefício dela

Poucas vezes em minha ainda curta vida vi um ato tão amoroso. Sutil, discreto, para muitos uma banalidade que pouco ou nada significou, mas a mim pouco importa: eu gosto das banalidades, o essencial da vida reside mesmo é lá – no banal, no sutil. Imagine: sua mãe vive os últimos dias de vida, não há mais como lutar contra uma doença mesquinha que, hora a hora, dia a dia, suga dela um tantinho mais de sua força. Não, ela não está num leito de hospital: a família, num ato louvável de humanidade e ciente de que não havia mais o que fazer, poupou-a das paredes brancas  e dos olhares cientificamente indiferentes de médicos especializados. Assim, ela estava em sua cama e certamente feliz com isso, porque, quando não há mais remédio que nos chegue, é a ela que recorremos como último medicamento, ou talvez, repensando a sentença, talvez ela seja o primeiro, e não derradeiro, remédio que sempre buscamos. Vendo assim que sua mãe...

Ela se foi

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Eis um pecado da natureza: fazer que os cachorros vivam menos que os homens. Ou melhor, até: fazer que os bichos de estimação quase todos tenham vida tão curta a ponto de normalmente partirem antes que seus donos. Vejamos se não há aqui uma incoerência: vemos um ser nascer, damos-lhe um nome, colocamo-la nos braços, educamo-la de modo que ela aprenda a fazer silêncio quando necessário e a tratar sempre bem as visitas que lhe afagam a cabeça – e, quando completa 15 aninhos de vida (uma criança, um futuro inteiro pela frente...), taxamo-la de velha e nos preparamos conformados para sua morte que se avizinha. A natureza, esta mesma que dizem justa e defensora do equilíbrio, regeu sem preocupação dois destinos e fez uma mãe enterrar uma filha – não há nada de errado nisso? Não, não era tua hora ainda, Tequila, querida nossa. Tu já eras peça importante, que em nada destoava (antes consonantava...) dentro do sítio Jucurutu. Há quem diga, eu inclusive, que já estavas a sofrer...