Uma última (linda) frase.
Parece de filme, mas não é. Há algumas semanas despediu-se destes terrenos um senhor conhecido meu, de quem muito bem - enquanto vivo - ouvi falar, detalhe este importante, a meu ver. E o que me traz aqui, a discorrer sobre o que aparenta ser mais uma vítima de um fulminante ataque cardíaco, não é outra coisa senão sua última frase, dita à sua esposa na manhã do fatídico dia, depois de terem dormido separadamente, ela cama, ele na rede. "Que desperdício, poderíamos ter passado a noite juntos." Despediu-se assim, sem uma grande frase de efeito, como eu te amo, me perdoe por meus erros meu amor, ou coisa parecida. Soltou essas despretenciosas palavras somente, como se dali a pouco fosse sair para comprar o pão ou buscar as correspondências. A esposa deve ter sorrido, beijado sua face ou simplesmente concordado com um aceno de cabeça e ido, como de fato foi, tomar seu primeiro banho do dia. Pois que, ao voltar, de banho tomado, se deu conta de que aquela havia sido uma despedida...