Invólucro de sentimestos.
Passei a noite me revirando na cama, sendo atingido, creio que seja essa a palavra mesmo, atingido por vontades repentinas de escrever. Vinham-me à cabeça lampejos de poesia, frases inteiras e sentimentos muito bem descritos, eram sentenças que não sei como se formataram em minha mente, já que de próprio punho, em sã consciência, certamente não seria capaz de criá-las, como agora me dou conta. Tudo o que conseguiria trazer ao papel agora seriam rastros, abstrações, misturas insossas daquilo que me incomodou durante parte da noite, intercalando e roubando meu sono. Decidi então que não iria escrever hoje, pois sabia que, por melhor que fosse a escrita, não chegaria aos pés do que me invadiu durante a noite, ou, em outras palavras, independentemente do que sairia, o autor continuaria insatisfeito, intrigado por não ter chegado lá. Mas não consegui resistir. Voltando para casa, em meio aos vários carros que saíam do shopping , certamente famílias felizes depois de um domingo de compras, o...