Uma feliz sorte.

É engraçado, curioso, embora nem sejam essas as palavras que adjetivem precisamente o que quero expressar, mas me contentarei com elas, pois sei que com as palavras isso sucede rotineiramente, você buscar um adjetivo, ou um verbo, ou um advérbio, e ele não aparecer, ou vir, como se diz, à ponta da língua, mas teimar em não sair.

Pois bem, como eu vinha dizendo, é engraçado, curioso como às vezes na vida você tem a feliz sorte de encontrar uma pessoa que lhe fez nos dois anos passados ver a vida de uma outra forma, sob um outro ângulo, como se ela, a vida, fosse uma moeda, e pudesse assim ser enxergada por dois lados, tão próximos e tão diferentes. É como se você estivesse caminhando por uma estrada que parecia só ter um sentido, uma via, e essa pessoa chegasse, segurasse a sua mão, e passasse a caminhar com você nesse rumo, mostrando aos poucos que a estrada não é, como você imaginava, o único local em que se pode caminhar, que você pode sair dessa tal estrada e buscar os caminhos mais tortuosos, menos aparentes, aqueles de terra batida que sempre vemos em qualquer viagem pelo interior, ou que você pode parar no meio da estrada só para reparar na pessoa que está caminhando com você faz dois anos, ou pode voltar o caminho inteiro só para fazê-lo de novo ao lado dessa pessoa, pois você sabe que ela, Fabiana, continuará de braços abertos, com um sorriso frouxo, fácil, sempre em busca do novo, em busca do mundo, numa sede incomum por tudo o que faz bem, como se entendesse a todo momento que a vida é comprovadamente volátil, efêmera, e que não resta assim outra saída senão tentar a todo custo tocar, tangenciar a vida. Ou, em outras palavras, não resta outra saída senão viver. Literalmente viver. Juntos, e não somente por dois anos.

Te amo.

(28.01.2010)

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