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Mostrando postagens de outubro, 2010

Youtube.

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Que a tecnologia nos faz cada vez mais dependentes dela, isso eu sei. Se falta internet no trabalho por um dia sequer, a empresa quase estanca. Se o celular descarrega e você precisa falar com alguém, é aquele desespero. Isso é ruim, a meu ver. Essa dependência quase vital em relação à tecnologia, sei não, pra mim é um tanto prejudicial a todos nós. Mas antes que me atirem uma pedra argumentando sobre os benefícios do avanço tecnológico a que chegamos, deixem-me dizer: não vim pra criticar. Ao contrário, vim pra falar de uma coisa boa que a modernidade nos trouxe. O nome do troço é Youtube. Visito esse site raríssimas vezes, mas um dia desses entrei lá e pude perceber como de fato nisso, no tal do Youtube, a tecnologia marcou um golaço. Ponto pra ela. Digo isso porque pude rever cenas de anos atrás, momentos que certamente eu só voltaria a assistir se um dia tivesse acesso aos arquivos de vários canais esportivos da televisão. Ou seja, sabe quando os veria novamente? Nunca. Pra ser m...

Mitos.

Ídolos, mitos, espelhos. Quase todo mundo tem os seus, mas particularmente nunca fui muito partidário desse negócio de admirar uma pessoa sem nunca tê-la conhecido, às vezes sem nunca ter sequer chegado próximo a ela. Pra mim isso era bobagem, coisa de pré-adolescente que durante uma rápida (e intensa) fase ama o Michael Jackson e, tempos depois, no dia em que sabe de sua morte, reage como se tivesse acabado de saber que a inflação na Indonésia subiu 0,8%. Pois bem. Ídolo, com esse fervor adolescente, infelizmente nunca tive. E, pra mim, gente que, depois de velha, insiste nesse tipo de idolatria deus-no-céu-meu-ídolo-na-terra, me transmite de antemão um quê de imaturidade e de parcialidade que, se na adolescência são mais que naturais, na vida adulta me soam como um forte indício de limitação. Pode ser preconceito, eu sei, mas fazer o quê. No entanto, com o passar dos anos também me rendi e fui descobrindo meus ídolos, meus espelhos, embora, repito, sem esse negócio de ficar andando c...

Escrever.

Tenho este blog, mas só falei de sua existência pra pouquíssimas pessoas. Tento escrever com certa regularidade, um texto por semana, mas até quando supero essa média, não saio anunciando aos quatro cantos. Ou melhor, a canto nenhum. Escrevo, mas não me atrevo a dizer pra (quase) ninguém. E não é que o que escrevo seja segredo, nada disso, leia quem quiser. Se segredo fosse, garanto: estaria em qualquer lugar, menos na internet . Pois é, é contraditório, também acho. E até pouco tempo atrás eu continuava assim, escrevendo sem entender exatamente o porquê de fazê-lo, tinha sempre algo na minha cabeça dizendo que não havia razões plausíveis para essa escrita sem leitura, e isso me inquietava um pouco, às vezes até me fazia crer que uma pessoa como eu, que escreve sem ter outra pra ler, era algo tão sem sentido quanto alguém cozinhar uma lasanha deliciosa para em seguida jogá-la inteirinha na lixeira, ou alguém adorar cantar mas só fazê-lo debaixo do chuveiro, ou ir pra Noronha sem dar um...

Água gelada.

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Tem umas coisas, umas pequenas sensações, que realmente não têm preço. Ultimamente tenho ido correr depois da aula. Mesmo quando o dia é supercansativo e toda a minha vontade é de chegar em casa o mais rápido possível pra me jogar na cama que nem uma pedra, vou lá e corro fielmente meus três quilômetros (que por sinal vêm sendo feitos em cada vez menos tempo, com último recorde cravando no relógio 14 minutos e 40 segundos). Tudo bem, o local, que na hora do rush é assim de gente, à hora da noite em que eu posso ir já é um pouco vazio, quase ninguém, um cenário até um pouco melancólico, admito, mas que não deixa de ser, antes de melancólico, tranquilo, quase fazendo a gente esquecer aquele turbilhão de buzinas, barulhos, carros, construções e tudo o mais que atormenta a cidade até certa hora. Pois é, mas a parte boa, a das pequenas sensações, citada no primeiro período deste texto, vem depois da corrida. É chegar em casa cansadaço, completamente suado, exausto, com o corpo ainda quente...

Triste, se me permite.

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"Porra, porque no mundo hoje é assim, você não pode ficar triste nunca, nem um momento sequer." Há alguns meses eu estava conversando com minha irmã quando ela, dando continuidade ao assunto que ela mesma já havia mudado umas trinta vezes durante a conversa, naquele típico diálogo em alta velocidade tradicional para as mulheres, soltou essa frase, que me surgiu como um raro estalo de sensibilidade e de sabedoria, dois substantivos que, ao que me parece, à medida que faltam na maioria das pessoas, sobram na pessoa de minha irmã. Mas, como vinha dizendo, a frase me pegou desprevenido e me pôs pela primeira vez de frente para esse fato, o fato de que realmente, hoje em dia - e digo hoje em dia, mas isso pode ser bem antigo - há uma certa proibição em ficar triste. Bom, é claro que as pessoas que gostam de você jamais vão querer ver você sofrendo, chorando pelos cantos e naquela deprê. Óbvio. Mas o que nos falta entender é que a tristeza, em dados momentos, faz parte de um proces...

Pharmácias.

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60.000. Sessenta mil. E escrevo duas vezes mesmo, uma em numeral e uma por extenso, pro impacto ser maior. Esse é o número médio de farmácias que temos hoje em nosso país. Já pensou? É farmácia que não acaba mais, meu filho. Você já percebeu que nas grandes cidades brasileiras tem praticamente uma a cada quarteirão? Esse fato, a coisa de que cada vez mais se multiplicam as Pague Menos por aí, isso eu, assim como você, já sabia. Mas curiosamente, ontem, assistindo a uma entrevista da Marília Gabriela com o atual ministro da saúde, José Gomes Temporão, quase me assustei quando ele mencionou a tal quantidade. Me soou como se no sábado existissem umas parcas e pobres farmácias no país, e aí, como num passe de mágica, shazan, domingo lá estão 60.000 estabelecimentos vendedores de picanha, sorvete, Havaianas , chocolate, biscoito, brinquedo e até remédio, que eu quase esqueço. Me parece que boa parte do povo brasileiro tá entrando na paranoia de tomar remédio a torto e a direito, o que é, a...

Machismo.

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Ei, você, mulher. Você acha o mundo machista? Sente indignação ao saber que que a cada dez segundos - ou quinze; não lembro exatamente a estatística - uma mulher é agredida no Brasil? Se incomoda com o fato de que as mulheres são arrasadora minoria nos altos cargos das empresas privadas no nosso país? Já percebeu que, nos restaurantes, quase sempre o garçom se dirige ao homem da mesa, e não à mulher? País machista, né? Viva o feminismo e os direitos iguais. É assim que você pensa? Pois me permita lhe perguntar, mademoiselle . Você, defensora desses direitos iguais, depois de ficar com um cara, alguma vez pediu o telefone dele e ligou pro tal dias depois chamando-o para sair, ao invés de esperar ele fazê-lo? Não, né? Mas aí seria demais, obviamente. Direitos iguais, mas nem tanto. Pois é. Agora me diz, mulher de deus. Como é que você se indigna tanto com o primeiro parágrafo, mas acha tão fora do normal o que é proposta no segundo? Ah, mas é diferente, você deve estar me dizendo neste e...

Além do bem e do mal.

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Tinha tempos que eu procurava, ou melhor, não procurava exatamente, mas lamentava a falta de alguém que escrevesse crônicas do modo como gosto, do modo como intento escrever, ou, como disse - eu acho - Clarice Lispector, do modo que mais me toca, já que, segundo ela, um livro não é bom ou ruim. A questão é se ele lhe toca ou não, e o fato de possivelmente não lhe tocar não implica a conclusão de que seja ruim. Ele só não lhe tangencia, não lhe atinge, seu santo não bate com o dele, mas provavelmente bate com o de alguém por aí, ora. A propósito, por falar em bom e ruim, acho que já passou da hora de deixarmos essa bobagem de rotular tudo e todos com esses dois adjetivos tão sem profundidade, tão limitados. Me desculpem, mas essa foi, a meu ver, uma das lamentáveis heranças implicitamente deixadas pela Igreja (e não estou a afirmar que não houve também gratas heranças). Sim, sim, pela Igreja. Isso de ser, sem mais rodeios, bom ou ruim, sem outra opção. Ou é pecado ou não é. Ou é de Deus...

Querer não é escrever.

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É bobagem imaginar, como eu acreditava até pouco tempo atrás, que quem escreve escreve somente o que lhe convém. Mentira, quem diz isso. Tudo bem, é claro que muitas vezes o camarada consegue sentar e dissecar o assunto que lhe der vontade, mas, hoje sei, nem sempre é assim. Se assim fosse, essas linhas, ao invés de estarem a afirmar todas essas frases cada vez mais repetitivas e cansadas de si mesmas, estariam, eu garanto, falando sobre este domingo lindo de sol, ou sobre o meu Fluzão que só me dá alegria. Mas não dá. Não consigo falar sobre esses temas. Se eu me metesse agora a falar do meu time, não conseguiria traduzir nem de longe a alegria de vê-lo jogar, de ver um Maracanã lotado por 60.000 vozes cantando sem parar. Se fosse falar do domingo de sol, não sei, acho que diria, com muito penar, "Hoje é domingo. E é de sol.". E pararia por aí, sem mais inspiração. É mesmo duro saber que nem sempre a gente consegue escrever o que deseja, o que nossa cabeça quer, é como se ti...