Youtube.


Que a tecnologia nos faz cada vez mais dependentes dela, isso eu sei. Se falta internet no trabalho por um dia sequer, a empresa quase estanca. Se o celular descarrega e você precisa falar com alguém, é aquele desespero. Isso é ruim, a meu ver. Essa dependência quase vital em relação à tecnologia, sei não, pra mim é um tanto prejudicial a todos nós.

Mas antes que me atirem uma pedra argumentando sobre os benefícios do avanço tecnológico a que chegamos, deixem-me dizer: não vim pra criticar. Ao contrário, vim pra falar de uma coisa boa que a modernidade nos trouxe. O nome do troço é Youtube. Visito esse site raríssimas vezes, mas um dia desses entrei lá e pude perceber como de fato nisso, no tal do Youtube, a tecnologia marcou um golaço. Ponto pra ela. Digo isso porque pude rever cenas de anos atrás, momentos que certamente eu só voltaria a assistir se um dia tivesse acesso aos arquivos de vários canais esportivos da televisão. Ou seja, sabe quando os veria novamente? Nunca.

Pra ser mais específico, passei um tempão revendo cenas de um certo tenista brasileiro, o Guga, ou “Gugá”, como ficou conhecido na França. Fim dos anos 1990, início do novo século: ali passei a gostar de tênis, assistindo, acompanhado de meu pai, a jogos magníficos do manezinho da ilha. Os três títulos de Roland Garros e num deles aquela cena histórica de ele, já nas graças dos parisienses, desenhando, com a raquete, um coração no meio do saibro francês; o título da Masters Cup de 2000, quando, além de ter se tornado o único tenista na história a derrotar Sampras e Agassi num mesmo torneio, terminou a temporada como número 1 do mundo; as paralelas de esquerda que fizeram seu rival russo Kafelnikov, também ex-número 1, dizer que “eram como pinceladas de Picasso”; a vitória sobre Federer quando este, já melhor do mundo, chegou a dizer que “quando ele estava inspirado, não dava”; a dor da contusão que abreviou sua carreira; e tantas lembranças mais. Vi e revivi. Relembrei esses gratos momentos, tirando da memória não só o Guga e seus trunfos na carreira, mas também (e principalmente) outras lembranças dessa fase de minha juventude. Ver Gustavo Kuerten nos seus melhores momentos me remeteu diretamente a essa importante fase da minha infância. E é exatamente aí que quero chegar. O Youtube não me mostrou só o Guga, foi além: me desencaixotou cenas esquecidas, me jogou por alguns minutos de volta a um passado, tal qual a máquina do Marty e do Doc, em De volta para o futuro.

Por isso, repito: ponto para a tecnologia. O Youtube às vezes não mostra só vídeos. Dependendo do caso, ele te move no tempo. Allez, Guga!


Frase do dia:
"A incerteza do futuro fez com que o coração voltasse ao passado."
Gabriel García Marquéz

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