Leitura da vida.
Uma vez, um dos ótimos professores de Português que tive durante a escola (este era inclusive poeta, e ainda é!, já que não morreu), Carlos Augusto Viana, disse pra turma toda, com sua voz pausada e grave, "Meu filho, preste atenção: você é o que você lê."
A frase, à época, me chamou muito a atenção, tanto que hoje, mais ou menos cinco anos depois, fui buscá-la nos porões de minha memória para trazê-la até esta crônica. Você é o que você lê. Acho que a sentença até poderia ser melhorada: você é (também) o que você lê. Mas aceito o argumento, tá valendo. O interessante, no entanto, que neste momento acaba de me ocorrer, é que, contrariando a lógica da afirmativa, eu sei o que estou lendo, mas não sei o que sou. Ou, melhor ainda: no decorrer de minha vida, quanto mais fui lendo, menos fui sabendo quem era. As palavras têm dessas coisas mesmo, nós achamos que uma frase faz todo sentido (você é o que você lê), e aí, quando paramos para analisá-la um pouco melhor, quando a vemos mais de perto, decepcionamo-nos e vemos como fomos ludibriados pela sentença, curiosa sentença.
Eu, da minha parte, gosto de ler muita coisa, um pouco de tudo, e vai ver faço dessa maneira na esperança de que essa variada leitura um dia de fato constitua a minha pessoa. E digo isso porque penso que a grandeza de alguém está precisamente na vastidão daquilo que o forma, que o preenche. Por isso sou averso às verdades absolutas, aos exageros de linguagem, aos hiperbolismos da vida. Respeito-os todos, mas penso que a singularidade e a poesia do viver residem mesmo é na mistura travosa de tudo o que é contraditório, ou ao menos distinto. Dessa forma, uma pessoa realmente sábia, pra mim, é aquela que reconhece, com iguais pesos na balança, a importância do choro e do sorriso, do amor e do ódio, da morte e do nascimento, da infância e da velhice.
Portanto, assim continuará sendo minha leitura e, quem sabe, minha vida: singular porque tenta absorver tudo o que é contraditório, variado e transitório.
Frase do dia:
"Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas, e que graças a este artifício conseguimos suportar o passado."
Gabriel García Márquez
A frase, à época, me chamou muito a atenção, tanto que hoje, mais ou menos cinco anos depois, fui buscá-la nos porões de minha memória para trazê-la até esta crônica. Você é o que você lê. Acho que a sentença até poderia ser melhorada: você é (também) o que você lê. Mas aceito o argumento, tá valendo. O interessante, no entanto, que neste momento acaba de me ocorrer, é que, contrariando a lógica da afirmativa, eu sei o que estou lendo, mas não sei o que sou. Ou, melhor ainda: no decorrer de minha vida, quanto mais fui lendo, menos fui sabendo quem era. As palavras têm dessas coisas mesmo, nós achamos que uma frase faz todo sentido (você é o que você lê), e aí, quando paramos para analisá-la um pouco melhor, quando a vemos mais de perto, decepcionamo-nos e vemos como fomos ludibriados pela sentença, curiosa sentença.
Eu, da minha parte, gosto de ler muita coisa, um pouco de tudo, e vai ver faço dessa maneira na esperança de que essa variada leitura um dia de fato constitua a minha pessoa. E digo isso porque penso que a grandeza de alguém está precisamente na vastidão daquilo que o forma, que o preenche. Por isso sou averso às verdades absolutas, aos exageros de linguagem, aos hiperbolismos da vida. Respeito-os todos, mas penso que a singularidade e a poesia do viver residem mesmo é na mistura travosa de tudo o que é contraditório, ou ao menos distinto. Dessa forma, uma pessoa realmente sábia, pra mim, é aquela que reconhece, com iguais pesos na balança, a importância do choro e do sorriso, do amor e do ódio, da morte e do nascimento, da infância e da velhice.
Portanto, assim continuará sendo minha leitura e, quem sabe, minha vida: singular porque tenta absorver tudo o que é contraditório, variado e transitório.
Frase do dia:
"Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas, e que graças a este artifício conseguimos suportar o passado."
Gabriel García Márquez
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