As pulsações aqui de dentro
Coração meu, que em outros dias desperta pleno, disposto e sentindo-se crista, hoje acordou vale – frágil, triste como uma despedida. Hoje tu és maré mansa, e assim te aceitarei. Não sei bem o que te passa, mas lembro que és meu amigo, portanto fica tranquilo: de ti, nada exigirei. Se acordaste assim, tens lá teus motivos, te conheço, sei que tens. Quando quiseres dizer o que te passa, não te olvides de mim, sou eu que te abrigo. É pena que tu vivas dentro de mim: queria que visses o céu de hoje, tão azul, claro, iluminado. Mas tu moras dentro da gente, és mesmo sábio: podes te esconder discreto quando te sentes adoentado. Ponho a mão no peito e te sinto palpitar brando, feito animal que chora baixinho só pra ninguém perceber. Bates uma, duas, tantas vezes que penso se não te cansas – se tanto te dói, por que não paras de bater? Como diria Quintana, "Só num relógio é que as horas/ Vão passando sem sofrer..." Sei que não te tenho feito bem, te aposentei de amigos e d...