Jogo de cena
Jogo de cena é um dos filmes mais simples, singelos a que assisti nos últimos tempos. Se você ainda não viu, fica a dica, embora eu avise de antemão: caso espere uma supertrama hollywoodiana, nem se dê o trabaho. Do diretor brasileiro Eduardo Coutinho, que pelo (pouco, quase nada) que sei de cinema, vem se especializando em gravar documentários que extraem, dos mais diversos tipos de pessoas, as nossas mais coletivas sensibilidades, a proposta do filme é aparentemente insossa. Repito, aparentemente.
Duas cadeiras num palco de teatro completamente vazio. Numa, está sentado o diretor do filme, na outra, alguma mulher, obrigatoriamente. E em frente ao cineasta sentam-se cidadãs dos mais diversos tipos: gordas, velhas, magras, jovens, feias, bonitas, brancas, homossexuais, negras – mas todas marcadas por situações de vida pra lá de interessantes e, exatamente onde entra a sensibilidade de Coutinho, também pra lá de comuns mundo afora: relações conturbadas com maridos ou com filhos, gravidezes, traições, perdas, sofrimentos. Tudo muito humano. Então, intercalando as falas dessas mulheres que se dispuseram a se expor da forma mais franca possível, vêm as atrizes, as quais, igualmente sentadas de frente ao diretor, repetem as falas de alguma daquelas reais batalhadoras. Interpretam algo verdadeiro, e que é posto cruamente em contraste com suas atuações. A seguir, as atrizes conversam com o diretor sobre as dificuldades de se interpretar algo tão natural. Inclusive li em algum lugar, não lembro onde, a Andréa Beltrão (ou era a Fernanda Torres?, putz, também não lembro) dizendo o quão enriquecedor foi, para ela, fazer este filme, e que num dado momento ela até se perguntava se estava falando dela mesma ou atuando de fato. A propósito, além dessas duas talentosas atrizes, trabalham no filme Marília Pêra e várias outras mulheres mais desconhecidas do grande público. Num certo ponto, você fica até em dúvida entre quem é atriz e quem viveu mesmo aquilo.
De qualquer forma, Eduardo Coutinho, com uma proposta simples, nos mostra um filme belo, de sensibilidade apurada. Se não viu ainda e ficou curioso, deixo ainda uma outra dica: deixe um lenço por perto, talvez seja útil.
Frase do dia:
"Os escritores podem ser divididos entre aqueles que usam a leveza da palavra e aqueles que usam o peso da palavra."
Italo Calvino
Duas cadeiras num palco de teatro completamente vazio. Numa, está sentado o diretor do filme, na outra, alguma mulher, obrigatoriamente. E em frente ao cineasta sentam-se cidadãs dos mais diversos tipos: gordas, velhas, magras, jovens, feias, bonitas, brancas, homossexuais, negras – mas todas marcadas por situações de vida pra lá de interessantes e, exatamente onde entra a sensibilidade de Coutinho, também pra lá de comuns mundo afora: relações conturbadas com maridos ou com filhos, gravidezes, traições, perdas, sofrimentos. Tudo muito humano. Então, intercalando as falas dessas mulheres que se dispuseram a se expor da forma mais franca possível, vêm as atrizes, as quais, igualmente sentadas de frente ao diretor, repetem as falas de alguma daquelas reais batalhadoras. Interpretam algo verdadeiro, e que é posto cruamente em contraste com suas atuações. A seguir, as atrizes conversam com o diretor sobre as dificuldades de se interpretar algo tão natural. Inclusive li em algum lugar, não lembro onde, a Andréa Beltrão (ou era a Fernanda Torres?, putz, também não lembro) dizendo o quão enriquecedor foi, para ela, fazer este filme, e que num dado momento ela até se perguntava se estava falando dela mesma ou atuando de fato. A propósito, além dessas duas talentosas atrizes, trabalham no filme Marília Pêra e várias outras mulheres mais desconhecidas do grande público. Num certo ponto, você fica até em dúvida entre quem é atriz e quem viveu mesmo aquilo.
De qualquer forma, Eduardo Coutinho, com uma proposta simples, nos mostra um filme belo, de sensibilidade apurada. Se não viu ainda e ficou curioso, deixo ainda uma outra dica: deixe um lenço por perto, talvez seja útil.
Frase do dia:
"Os escritores podem ser divididos entre aqueles que usam a leveza da palavra e aqueles que usam o peso da palavra."
Italo Calvino
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