Talvez cada um de nós que tivemos a sorte de ter uma figura materna presente em nossa vida guarde em si um dia das mães que é só nosso. Não falo, portanto, do segundo domingo de maio, data que, por alegre que seja, vem de fora pra dentro e pouco diz do momento em que, pela primeira vez, reparamos conscientemente na mulher que ao menos durante certo tempo nos guiou em vários aspectos. Falo do instante — a depender de cada um, mais ou menos duradouro, mais ou menos feliz, mais ou menos encoberto pelo pó do passado distante — que, por alguma razão pouco clara, se nos impõe como a mais evidente das constatações: esta mulher importa para mim. Nunca assumira a ninguém e, embora isso sempre tenha rondado meu imaginário, apenas nestes últimos dias conferi forma mais nítida a este que é, então, o meu dia das mães. Eu era pequeno, cinco, seis, sete anos. Morávamos naquela casa enorme que dava de fundo para todos os meus sonhos. Casa-jardim, casa-goiabeira, casa-casa. Havia muitas...